Nomofobia: entenda os riscos e as formas de tratamento

O Brasil ocupa a 4ª colocação no mundo em pessoas viciadas em smartphones

No Brasil, o aparelho celular só chegou no fim da década de 80, o que trouxe mudanças e benefícios para a população, como uma comunicação rápida feita em qualquer lugar. Contudo, com o passar do tempo, as pessoas acabaram se tornando mais dependentes do pequeno aparelho, o que tem gerado o vício e a doença psicológica nomeada por nomofobia, que é o medo irracional de ficar sem celular. A fobia já é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como transtorno psicológico. Em uma pesquisa realizada pela Universidade McGill, localizada em Montreal, no Canadá, revelou que o Brasil é o 4º país no mundo, em viciados em smartphones, ficando somente atrás da Malásia, Arábia Saudita e China.

O vício pode ocasionar vários problemas aos usuários, é o que explica o psicólogo e professor do Centro Universitário dos Guararapes (UNIFG), Aluísio Soares. “Os principais sintomas existentes em pessoas que apresentam a condição da monofobia são o medo excessivo de estar longe de seus aparelhos telefônicos, a possibilidade de não conseguir acessar seus conteúdos em redes sociais e sintomas relacionados ao processo de ansiedade, como eventual sudorese, irritação, ansiedade mais elevada e a condição de medo ao não acessar o seu aparelho celular”.

O transtorno gera riscos e impactos psicológicos e emocionais. “A nomofobia, traz inclinações muito específicas sobre o processo de ansiedade, retraimento social e apresenta uma grande capacidade de sintomatologia em ansiedade a partir do momento em que pessoas estabelecem relações com seus dispositivos eletrônicos, especificamente, smartphones. Elas apresentam grande potencial de dependência tecnológica. A dependência tecnológica por si só pode ser entendida como o movimento gerador de ansiedade e desgaste psicológico, a partir do momento em que o sujeito inclina todos os seus potenciais energéticos de concentração e condições cognitivas para o uso desenfreado do aparelho celular. A consequente separação do sujeito desse mesmo uso, com a diminuição de horas ou até mesmo privação de acesso a redes sociais, apresenta grande capacidade de elevação do seu conteúdo de ansiedade”, informa Aluísio.

O especialista também explica como o vício pode prejudicar as relações entre pessoas. “No que diz respeito à interação interpessoal, podemos levar em consideração que o advento das redes sociais promoveu uma aproximação maior entre as pessoas. Em contrapartida, deixa-se de lado a essência da comunicação dos seres humanos, de forma qualitativa. A relação entre as pessoas pode ser prejudicada a partir do momento em que os sujeitos acabam distanciando os seus contatos presenciais, em detrimento de contatos virtuais, e isso fomenta uma separação de vínculos presenciais, dos quais, em contrapartida, podem favorecer grande inclinação para uma postura de isolamento social e uma solidão no que diz respeito ao processo de engajamento social”, destaca o especialista.

Apesar de gerar diversos riscos à saúde, a nomofobia tem tratamento e cura, além disso, é importante e essencial que familiares e amigos estejam atentos ao indivíduo que não consegue se desligar do celular. Um dos meios é trabalhar com mudança de hábitos, com tempo de exposição a telas e o horário mais adequado para esse uso.

 “Tudo isso precisa ser bem pensado e muito bem acompanhado e com acolhimento necessário. O problema por si só não é trazer o contexto de vilão para o smartphone ou redes sociais, porque elas são muito importantes. O smartphone traz muitos benefícios para os seres humanos, porém a relação de interesse com o tempo de uso, o conteúdo que se acessa e a intensidade dessa frequência é o que faz a gente perceber a importância de ter um olhar mais qualitativo para esse processo. Quando percebe que as atividades diárias estão sofrendo grandes dificuldades, quando você está muito tempo sob o efeito de telas, isso atrapalha a sua rotina. Precisamos equilibrar esses usos e levar em consideração que a vida acontece do lado de fora das redes sociais. Com a integração mais saudável, podemos ter uma qualidade de vida melhor e isso pode influenciar positivamente os nossos processos de saúde mental”, conclui Aluísio Soares.

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