Lula diz não reconhecer reeleição de Maduro, cobra explicações e sugere novas eleições na Venezuela

Político vizinho está devendo explicação para o mundo, disse em entrevista a rádio

Por: Renan Truffi e Estevão Taiar / Valor Econômico

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elevou o tom, nesta quinta-feira, ao admitir, pela primeira vez, que seu governo ainda não reconhece a reeleição de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela.

Segundo ele, o líder político vizinho está “devendo uma explicação para o mundo”. Além disso, diante das suspeitas que pesam sobre o resultado da eleição presidencial, Lula sugeriu que Maduro poderia ter “bom senso” e aproveitar seu restante de mandato para convocar novas eleições.

“O que nós queremos? É que o conselho que cuidou das eleições diga quem ganhou a eleição. Ainda não [reconheço o Maduro como presidente], ele está devendo uma explicação para o mundo. Tem que apresentar os dados [da eleição], mas por um órgão confiável. Ele não mandou os dados para o conselho [eleitoral], ele mandou para a Justiça”, disse Lula ao conceder entrevista para a Rádio T, do Paraná, onde o presidente cumpre uma série de agendas políticas.

Apesar da cobrança feita contra Maduro, Lula disse que continua tentando “encontrar uma saída” para o impasse na Venezuela. Por outro lado, o presidente ponderou que também não pode afirmar que quem venceu o pleito eleitoral foi Edmundo González Urrutia, como reivindica o grupo oposicionista venezuelano.

“Nós estamos tentando trabalhar para ver se encontra uma saída ou fazer um governo de coalizão. Muita gente que está no meu governo não votou em mim. Eu não posso dizer que a oposição foi vitoriosa porque não tenho os dados. Não quero me comportar de maneira apaixonada, eu quero o resultado. O Maduro tem seis meses de mandato ainda. Se ele tiver bom senso, ele poderia conclamar o povo, quem sabe convocar até novas eleições. Ele podia criar um comitê eleitoral suprapartidário [para acompanhar as eleições]. O que eu não posso é ser precipitado e tomar uma decisão”, complementou.

Em seguida, Lula admitiu que sua intenção de tentar legitimar o processo eleitoral na Venezuela era uma forma de ajudar Maduro a se livrar das sanções impostas contra ele pela comunidade internacional.

Nesse sentido, o presidente brsileiro deu a entender que agora a relação se “deteriorou” e que é necessário um órgão para avaliar as atas do resultado presidencial.

“Não é fácil que um presidente da República de um país fique dando palpite nas eleições de outro país. Essa relação [com a Venezuela] ficou deteriorada porque a situação política na Venezuela está ficando deteriorada. A legitimidade do resultado na eleição era o que ia permitir que a gente brigasse contra as sanções na Venezuela. Durante a eleição, não houve qualquer suspeita, mas na hora de divulgar os dados é que houve confusão. É importante que tenhamos alguém para avaliar as atas”, concluiu.

Governados por líderes de esquerda, Brasil, Colômbia e México vêm nas últimas semanas tentando encontrar uma solução consensuada entre o regime de Nicolás Maduro e a oposição venezuelana para o impasse em que se transformou a eleição presidencial de 28 de julho.

Os três países já divulgaram notas conjuntas demandando a divulgação das atas eleitorais pelo governo Maduro e ainda não reconheceram a autodeclarada reeleição do mandatário venezuelano.

Maduro afirma ter vencido o pleito, mas os órgãos eleitorais e judiciais do país, controlados pelo chavismo, não apresentaram as atas eleitorais que comprovariam o resultado de cada uma das urnas. Já a oposição aponta fraude nas eleições e dizem que seu candidato, Edmundo González, venceu o pleito.

Nos últimos dias, porém, passou a circular no Palácio do Planalto a ideia de promover a realização de novas eleições na Venezuela, como solução para o impasse. Essa saída, no entanto, não é unanimidade e é vista por alguns dentro do governo como um ingrediente a mais para a confusão em que se transformou o processo eleitoral do país vizinho.

Por enquanto, o governo Lula vem insistindo em demandar de Maduro a divulgação das atas, rechaçando romper com o velho aliado, mas também mantendo pontes com a oposição. Entretanto, essa postura vem gerando desgaste interno e interno para o presidente brasileiro.

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