Carlos Laerte (Fotos e texto)
Um encontro do povo sertanejo com a fé e a cultura da pega de boi, do pastoreiro do gado, do aboiador e do forró pé de serra.
Petrolina subiu ao altar neste domingo (30), para realizar pela octogésima segunda vez, a Missa do Vaqueiro.
Vindos de todas as partes do município, os vaqueiros, trajados com suas roupas de couro e montados nos seus cavalos, chegaram às margens do Rio São Francisco, logo nas primeiras horas do dia.
Em frente ao palco, uma pausa para fazer o sinal da cruz e em respeito a celebração carregada de emoção e muitos significados.
O Quinteto Violado, que está em atividade desde 1971, começa a celebração relembrando canções, a exemplo de ‘Vaqueiro, meu irmão vaqueiro’, de Janduhy Finizola, um dos fundadores do grupo. Daí em diante, o incenso da igreja, que reforça a transcendência da Missa, ligando o céu à terra, se mistura com o cheiro do couro, a mão forte do vaqueiro, sua dor e esperança. O padre José Guimarães, também conhecido como Padre Vaqueiro, inicia a liturgia religiosa sob as vozes do coral Terço dos Homens da Cohab Massangano, dos aboiadores Edvaldo, Arnaldo e Jocélio Vaqueiro.
E, depois de ouvir e repetir as preces e benditos, os fiéis encourados compartilham, no ofertório, do momento mais antológico: sobem montados ao altar e entregam os utensílios do dia-a-dia para a benção do padre e louvor ao trabalho nas caatingas. A Missa do Vaqueiro, evento, que encerra o ciclo junino da cidade, é a maior expressão de fé do sertão.