O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) divulgou nesta quinta-feira (4/9) os dados do comércio exterior de agosto. Apesar do superavit de US$ 6,1 bilhões, crescimento de 35,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior, as exportações brasileiras para os Estados Unidos registraram queda de 18,5% em valor e 8,5% em quantidade.
Segundo Herlon Brandão, diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, a retração ocorreu após uma antecipação de embarques em julho devido à tarifa de 50% aplicada pelo governo norte-americano. “É muito provável que isso esteja relacionado a uma maior tarifa, que gera um maior nível de preços, uma redução de demanda, ao mesmo tempo que o exportador brasileiro procura outros mercados”, explicou.
No período, as exportações totais somaram US$ 29,9 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 23,7 bilhões. A corrente de comércio foi 1,2% superior a agosto de 2024, com movimentação total de US$ 53,6 bilhões.
Em agosto, as exportações no setor da Indústria de Transformação voltaram a cair em relação ao mesmo mês do ano anterior. Nesta comparação, houve uma ligeira queda de 0,9%, com o último mês acumulando saldo de US$ 15,8 bilhões. O valor obtido com as vendas de combustíveis recuaram 18,1%, enquanto que o saldo com as vendas de carne bovina para o exterior cresceram 56%.
Por outro lado, as exportações da Agropecuária e da Indústria Extrativa avançaram em relação a agosto de 2024. No caso da primeira, a variação foi positiva em 8,3%, causada principalmente pelos bons resultados da soja (13%), do milho (4,6%) e do café (3%), em valores totais. Já a segunda registrou crescimento de 11,3%, com destaques para as vendas de petróleo bruto, que avançaram 14,2%.
O diretor ainda ressaltou que alguns dos principais produtores que tiveram queda nas exportações aos EUA em agosto não foram impactados pelo tarifaço ao final das contas, mas o receio do tarifaço pesou na balança ao final do mês, com a antecipação de mercadorias antes do detalhamento da nova alíquota. “Isso gerou incerteza entre os exportadores e tivemos crescimento da exportação para os EUA em julho, em 7%, e agora uma queda desses produtos e entre as principais quedas, até mesmo produtos não tarifados”, frisou.
No caso das importações, houve um crescimento de 6,3% na aquisição de combustíveis em agosto, representando um valor de US$ 2,8 bilhões no mês. Ao mesmo tempo, o setor de bens intermediários permaneceu praticamente estável, com avanço de 0,1%, enquanto que bens de capital de bens de consumo registraram queda de 10,1% e 9%, respectivamente.
Apesar do saldo positivo em agosto, no acumulado do ano, a balança comercial registra queda de 20,2%, com US$ 42,8 bilhões de superavit. O setor de indústria extrativa é o que está sendo mais penalizado, com queda de 4,9% nas exportações de petróleo bruto e de 13,4%, no caso do minério de ferro e seus concentrados.