Sem confirmar sua entrada na corrida eleitoral, governador adotou tom de pré-campanha ao abordar temas como juros e gastos públicos
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez críticas ao modelo de administração do governo federal e direcionou ataques diretos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante encontro com empresários na capital paulista, na noite de sexta-feira (14). Em discurso carregado de sinais eleitorais, Tarcísio afirmou que “está na hora do Brasil demitir o seu CEO”, frase interpretada por analistas como uma tentativa de se posicionar para a disputa presidencial de 2026.
Mesmo sem confirmar oficialmente sua entrada na corrida eleitoral, o governador adotou tom de pré-campanha ao abordar temas como juros, gastos públicos e necessidade de reformas estruturais. Ao comentar o cenário econômico, Tarcísio associou o aumento da carga tributária a um governo que, segundo ele, “gasta demais”, e defendeu mudanças profundas no Estado brasileiro.
Governador cita reformas e privatizações como saída para ‘destravar o país’
Durante o evento, o governador fez um longo comentário sobre o impacto do gasto público nos juros e afirmou que um “novo CEO” seria responsável por implementar uma série de reformas capazes de “destravar o país”. Em meio a trechos truncados e improvisados, Tarcísio argumentou que medidas como reforma administrativa, revisão do tamanho do Estado, retomada de privatizações, reorganização de despesas e mudanças em benefícios obrigatórios seriam fundamentais para melhorar a economia.
Segundo ele, essas ações poderiam gerar uma “explosão de recursos” e aumentar a confiança internacional no país.
“A gente vai economizar 10%, 3% do PIB. O que vai acontecer? Vai vir uma explosão de recursos, muito dinheiro pra cá. O governo vai ganhar credibilidade, a taxa de juros vai cair e a gente vai ter muito investimento”, disse o governador.
Em seguida, Tarcísio afirmou que o país vive um ciclo político esgotado, que “envelheceu”. Ele ainda reiterou que a população fará “a escolha correta” no próximo ano — mais um sinal de que pretende se apresentar como alternativa ao presidente Lula, que deve buscar a reeleição.
Direita pressiona por candidatura e mira definição até dezembro
O aumento da visibilidade de Tarcísio ocorre num momento em que a direita busca acelerar a definição de seu nome para a sucessão presidencial. O avanço de pautas ligadas à segurança pública reacendeu movimentos dentro do bloco conservador que defendem o lançamento imediato da candidatura.
Como já havia sido ventilado nos bastidores, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu Tarcísio como seu candidato preferido. A principal indefinição, agora, é o nome para ocupar a vice. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aparece como opção mais forte.
Aliados esperam que o anúncio oficial seja feito ainda este ano, dependendo de uma autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que Bolsonaro possa se reunir com Tarcísio. O pedido, classificado como urgente, surpreendeu até aliados próximos do ex-presidente.
Pesquisa Quaest pressiona ainda mais o cenário político
O ambiente político ganhou novo contorno após a divulgação do levantamento Genial/Quaest, na quarta-feira (12/). O estudo mostrou que 50% desaprovam e 47% aprovam o governo Lula — uma inversão da tendência positiva que o presidente vinha acumulando nos últimos meses.
Analistas avaliam que o recuo está ligado ao discurso sobre soberania nacional, enfraquecido após as operações de segurança no Rio de Janeiro exporem a força e o domínio territorial de facções criminosas. A percepção de perda de controle sobre áreas estratégicas, segundo especialistas, reduziu o impacto positivo que o governo buscava construir na pauta.
Com o desgaste crescente e o avanço do debate em torno da segurança, a direita vê no momento uma oportunidade para consolidar Tarcísio como candidato competitivo — pressão que tende a aumentar até dezembro, quando aliados esperam a definição final.
Blog do Didi Galvão

