Silvio Almeida e Anielle conversavam normalmente até novembro de 2023, mostram diálogos

Fonte: DCM

A acusação de assédio sexual envolvendo o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ganhou novos desdobramentos. Em meio às denúncias expostas pela ONG Me Too Brasil, as conversas trocadas entre os dois ministros via WhatsApp mostram uma relação informal e próxima, na qual ambos se tratavam pelos apelidos “Preto” e “Preta”.

Essas mensagens, obtidas pelo Canal Meio, abrangem o período de 10 de novembro de 2022 a 24 de março de 2024, e foram confirmadas por uma fonte do governo.

As conversas indicam que, mesmo após o suposto episódio de assédio ocorrido em maio de 2023, conforme reportado pelo colunista Igor Gadelha, Anielle e Silvio mantiveram uma relação de proximidade. Em um diálogo de 28 de agosto de 2023, o agora ex-ministro reafirma sua parceria com a irmã de Marielle Franco, destacando que ela poderia confiar nele.

“Quero reafirmar tudo o que disse ontem a você. Quero ser seu parceiro, a pessoa em que você pode confiar. Eu não estava bêbado quando conversamos ontem no avião do PR…rsrs”, escreveu o advogado. Anielle respondeu de forma amigável, dizendo: “Minha admiração por você é imensa. A última coisa que eu quero é que a gente se dê mal”.

Outro diálogo, ocorrido em 3 de setembro de 2023, revela uma interação descontraída entre os dois. Após Anielle enviar uma imagem, Almeida respondeu com um elogio: “Somos lindos, Anielle! E esse seu vestido é deslumbrante”. A ministra recebeu bem o comentário e respondeu em tom de brincadeira: “Ficou mto foda né!?”.

Na sequência, os dois discutiram a possibilidade de publicar uma mensagem conjunta nas redes sociais que destacasse sua parceria política e pessoal.

No entanto, a relação entre os dois ministros parece ter mudado no final de 2023. Após um longo período sem trocarem mensagens, Almeida enviou uma nota de solidariedade a Anielle em 24 de março de 2024, após a revelação de novos detalhes sobre o assassinato de Marielle.

“Querida Anielle: Venho prestar minha solidariedade a você neste momento de esclarecimentos, mas também de reviver a dor intensificada pela comprovação da absurda falência do estado com requintes de crueldade para com a sua família”, escreveu o então ministro dos Direitos Humanos.

A partir desse ponto, as mensagens entre os dois se tornaram mais formais, especialmente em relação à proteção da família de Anielle e de sua cunhada, Monica Benício. Almeida informou à ministra que medidas federais estavam sendo tomadas para garantir a segurança delas, destacando que as proteções estaduais eram insuficientes. A resposta de Anielle foi curta e formal, encerrando a troca de mensagens com um simples “Obgd”, abreviação de “obrigado”.

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