Três casos graves, incluindo a morte de uma menina, acendem alerta para a violência dentro de escolas que deveriam ser espaços de proteção e aprendizado
Setembro de 2025 ficará lembrado de forma trágica no Sertão de Pernambuco. Ao menos três casos graves de agressões em escolas chamaram a atenção de toda a sociedade, expondo uma realidade preocupante: instituições que deveriam ser sinônimo de aprendizado e respeito estão se tornando palco de violência e dor. O cenário acendeu um alerta urgente para autoridades, educadores e famílias.
O caso mais recente ocorreu nesta quarta-feira (17/09), em Cabrobó. Uma mãe denunciou que sua filha foi agredida dentro da Escola Indígena João Alberto Maciel, localizada na Aldeia Alto do Gavião, na Ilha de Assunção. O episódio foi registrado na Delegacia de Polícia Civil e trouxe à tona a insegurança que cresce dentro do ambiente escolar, onde conflitos entre alunos terminam em situações de violência física.
Poucos dias antes, em 11 de setembro, um episódio grave foi registrado em Itacuruba, no Sertão de Itaparica. Uma estudante de 15 anos foi agredida na saída da escola da Aldeia Indígena. A vítima deu entrada no hospital com dores fortes na cabeça e no ouvido, em decorrência das agressões. O fato mais chocante foi a denúncia de que a própria mãe da agressora teria segurado a estudante para facilitar o ataque, revelando um envolvimento familiar inaceitável e que agrava ainda mais o caso.
O episódio mais grave, porém, aconteceu em Belém do São Francisco. A jovem Alícia Valentina foi brutalmente agredida dentro da Escola Municipal Tia Zita. Após ser transferida para unidades hospitalares em Salgueiro e Recife, teve a morte cerebral confirmada, gerando comoção em todo o Estado de Pernambuco. A Polícia Civil segue investigando o caso, que simboliza o extremo da violência em ambientes que deveriam proteger e formar crianças e adolescentes.
Esses três casos, em sequência e no mesmo mês, não podem ser tratados como situações isoladas. Eles escancaram um problema estrutural: a ausência de medidas efetivas de prevenção à violência escolar e a necessidade urgente de uma atuação conjunta entre famílias, escolas e poder público. O silêncio ou a minimização diante de tais ocorrências apenas fortalece um ciclo de agressões que pode resultar em novas tragédias.
Pais e responsáveis precisam assumir papel ativo na orientação de seus filhos, mostrando com firmeza que respeito, diálogo e limites são valores indispensáveis. Do outro lado, as escolas precisam implementar ações de mediação de conflitos, projetos de conscientização contra a violência e oferecer suporte psicológico tanto para alunos vítimas quanto para agressores, evitando que a agressividade se torne recorrente.
É inadmissível que a sala de aula, espaço destinado ao futuro do Brasil, se transforme em campo de batalha. O Estado e os municípios devem olhar para essa realidade com a seriedade necessária, investindo em políticas públicas que unam educação e segurança. Setembro trouxe dor e luto ao Sertão, mas precisa também ser o ponto de partida para mudanças urgentes.