Os amantes da música romântica festejam hoje (21) à noite no município de Salgueiro, Sertão Central, começa neste sábado (21) a 4ª Seresta da Saudade, que vai homenagear os 102 anos do boêmio e carnavalesco Mestre Jaime, um dos ícones da cultura popular do Sertão. Organizado pelo Centro de Arte Popular Mestre Jaime, a programação começa a partir das 20 h, com concentração na Praça Benjamin Soares, onde fica uma estátua do homenageado a poucos metros da residência onde ele viveu seus últimos anos de vida.
De acordo com os organizadores, após a concentração dos músicos participantes e dos seguidores do evento, o cortejo sairá pelas ruas da área central cidade, como já manda a tradição, fazendo paradas em algumas casas de família que fazem questão de prestigiar a serenata. “Nesse momento do cortejo os músicos com violões, sanfona, entre outros instrumentos de percussão, saem cantando com o público presente incluindo pessoas de todas as idades o que aumentando a cada ano. Também há momento para recital de poesia”, observa o artista plásticos e curador do evento Jaime Alves Concerva Filho.
A Seresta da Saudade conta com a participação de boêmios de Salgueiro e de outras regiões, incluindo Júnior Barata, Adígena Cunha, Ramon Junior, Zé Galo além de voluntários que fazem parte do público e costumam dar a tradicional “canja” musical. O cortejo finaliza na praça da Igreja Matriz de Santo Antônio, onde há o coreto que funciona como palco e cenário das apresentações musicais individuais e em grupo.
Para o curador do evento Jaime Alves, um dos filhos do mestre Jaime, a serenata é um evento que começa a conquistar sua tradição ao lado da figura do carnavalesco criador do bloco A Bicharada que por mais de meio século animou a folia no Sertão. “Foram cerca de 75 anos de folia com suas máscaras representando alguns animais da fauna brasileira e os bonecos gigantes que levaram alegria para crianças e adultos”, comentou.
Culturamente, o carnavalesco Mestre Jaime não vivia só de folia. Depois que o carnaval passava era um boêmio por natureza e paixão pela noite e pela música, indo a eventos sociais como aniversários, casamentos e serestas trajando seus ternos coloridos que ele confeccionava além de sua dentadura postiça de ouro.
O carnavalesco e boêmio faleceu em janeiro de 2021, vítima da Covid-19, e morreu de falência múltipla dos órgãos no hospital da cidade. À época, o cortejo fúnebre contou com carro de som tocando suas músicas preferidas. Ele chegou a participar da primeira edição da Seresta da Saudade.