Técnicas ampliam as possibilidades de tratamento da doença
O câncer de pulmão está entre os tipos mais incidentes e letais em todo o mundo, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Em termos de mortalidade global, ocupa a primeira posição entre os homens e a segunda entre as mulheres. A estimativa é que, só este ano 2025, o Brasil registre mais de 32 mil novos casos da doença, o que reforça a importância de prevenção, diagnóstico e ampliação das alternativas terapêuticas.
O risco de câncer de pulmão está diretamente associado ao tabagismo, fator responsável por, aproximadamente, 85% dos diagnósticos, segundo o Inca, mas também pode estar relacionado a aspectos como poluição e exposição a agentes químicos. A sua taxa de sobrevida relativa é de 15% entre homens e 21% entre mulheres, e apenas 16% dos tumores são descobertos em estágio inicial, quando a sobrevida pode chegar a 56%.
Entre as possibilidades terapêuticas tradicionais utilizadas no tratamento desse câncer estão a quimioterapia, a radioterapia e a cirurgia. Mas outras abordagens, como a imunoterapia e a ablação, têm ampliado as opções de combate à doença.
A imunoterapia, conforme explica o Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), atua de forma diferente da quimioterapia: em vez de atacar diretamente as células cancerígenas, o que pode afetar também células saudáveis, estimula o próprio sistema imunológico do paciente a identificar e destruir o tumor.
O GBOT destaca que esta terapia tem apresentado resultados expressivos se outros tratamentos não tiveram sucesso, especialmente em pacientes em estado avançado, quando a imunoterapia é indicada. Além disso, pode ser aplicada de forma combinada, associada à quimioterapia ou à radioterapia, dependendo do caso clínico.
Já a ablação consiste em destruir células tumorais por meio de calor ou frio extremos e costuma ser recomendado para pacientes que não podem passar por cirurgia ou apresentam tumores em locais de difícil acesso.
Conforme indica a American Cancer Society (ACS), a técnica pode ser uma saída viável para pessoas com câncer de pulmão de células não pequenas em estágio inicial ou em situações em que a operação se torna arriscada. Diferentes modalidades podem ser utilizadas, como a ablação por radiofrequência, que aquece e destrói as células tumorais com ondas de rádio de alta energia.
Já a crioablação congela o tecido com nitrogênio líquido ou argônio, enquanto a ablação por micro-ondas utiliza energia eletromagnética para destruir o tumor. De acordo com informações da Oncologia D’Or, o procedimento é minimamente invasivo, realizado com auxílio de ultrassonografia ou tomografia, e pode ser aplicado tanto em tumores benignos quanto malignos.
Uma das vantagens é que a recuperação após ablação costuma ser rápida. Ainda segundo informações da Oncologia D’or, a maioria dos pacientes recebe alta em até 24 horas, podendo caminhar e dirigir já no dia seguinte. Em cinco dias, também já estão aptos a realizar atividades físicas.
Novas tecnologias trazem avanços na imunoterapia
De acordo com a Oncologia D’or, a imunoterapia tem apresentado resultados promissores em diferentes tipos de câncer e segue sendo investigada em ensaios clínicos para avaliar seu potencial em novas aplicações terapêuticas. Além disso, a abordagem tem se beneficiado de avanços tecnológicos.
Entre as tecnologias mais recentes está a utilização das células CAR-T, células de defesa do próprio paciente modificadas em laboratório para reconhecer e atacar diretamente as células neoplásicas. Essas células são coletadas, reprogramadas e reinseridas no organismo, e já demonstraram eficácia em alguns tipos de leucemia e linfoma, com pesquisas em andamento para tumores sólidos, como o câncer de pulmão.
Outra frente tecnológica, conforme aponta a Oncologia D’or, é o uso de inibidores de checkpoints imunológicos, como pembrolizumabe e nivolumabe, que ativam as células T do sistema imunológico para combater o câncer.
O GBOT destaca que esses medicamentos vêm apresentando avanços positivos em abordagens terapêuticas, especialmente após a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2019, do uso de inibidores de checkpoint para o tratamento de câncer de pulmão de células não-pequenas.
Até então, esses medicamentos eram aprovados apenas em associação à quimioterapia ou como monoterapia para pacientes com expressão de PDL-1 igual ou superior a 50%, com base no estudo KEYNOTE-024. Além disso, em setembro de 2020, a Anvisa ampliou a aprovação, incluindo também o tratamento do câncer de pulmão de células pequenas em estágio extenso.