Parlamentar critica prioridade da gestão e alerta para dívida bilionária do município
Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Petrolina, realizada nesta terça-feira (03), o vereador Professor Gilmar Santos (PT), líder da bancada de oposição, fez duras críticas à gestão municipal por retirar mais de R$ 7 milhões de áreas essenciais, como infraestrutura e serviços públicos, para reforçar o orçamento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação, responsável pela organização do São João da cidade.
A denúncia foi formalizada por meio do Requerimento nº 0315/2025, apresentado pelo parlamentar e rejeitado pela base governista, com 16 votos contrários e apenas 3 favoráveis.
Segundo Gilmar, o Decreto nº 050/2025, assinado pelo prefeito Simão Durando (União Brasil), abriu um crédito suplementar de mais de R$ 8 milhões, sendo R$ 7.182.000,00 redirecionados especificamente para a secretaria que promove o São João, às custas de recursos retirados de áreas fundamentais para a população.
“Qual o valor previsto desse recurso para o evento do São João? Qual é a justificativa? De onde o prefeito está tirando dinheiro da população e colocando na secretaria que promove o São João? De quais ações, serviços e programas foram retirados esses valores?”, questionou o vereador durante o discurso.
Apesar de reconhecer a importância cultural e econômica da festa junina, o Professor Gilmar foi enfático: “Não é justo promover uma grande festa enquanto o povo das periferias continua no abandono, vivendo no esgoto e sem moradia digna.”
Outro ponto grave destacado pelo parlamentar foi o aumento do endividamento do município. Segundo ele, a gestão já comprometeu mais de R$250 milhões nos últimos oito anos. Com um novo empréstimo previsto na ordem de R$800 milhões, junto a instituições financeiras internacionais, o município poderá ultrapassar a marca de R$1 bilhão em dívidas, sem apresentar à população o detalhamento dos investimentos, nem resultados concretos para os bairros mais carentes.
“Com tantos milhões, por que as nossas periferias continuam abandonadas? Por que não tem um programa de moradia? Por que que a comunidade do Topázio, por exemplo, tem que passar por esse sofrimento nesse momento, já que não faltam milhões? Por que tantas ocupações de luta por moradia?”, questionou Gilmar, denunciando o descompasso entre os recursos disponíveis e a ausência de políticas públicas eficazes.
O vereador também cobrou responsabilidade da Câmara Municipal no exercício de sua função fiscalizadora. “Essa Casa é chamada de Casa do Povo. Então tem que agir como tal. Se a gente não sabe quanto entra e como é gasto, é farsa. Não é gestão, é maquiagem.”
Diante da rejeição do requerimento, que pedia explicações formais do Executivo sobre o remanejamento dos recursos, o Professor Gilmar afirmou que irá acionar o Ministério Público e a Justiça, exigindo que a Lei de Acesso à Informação seja cumprida e que os direitos da população sejam respeitados.