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Prefeitura do Recife encerra o curso Cultiva Recife com formação em agroecologia e apoio psicossocial

Capacitação, promovida pela Secretaria Executiva de Agricultura Urbana, teve duração de quatro meses e contará com uma segunda etapa com foco no empreendedorismo

A Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria Executiva de Agricultura Urbana, celebrou o encerramento do curso Cultiva Recife, realizado no Sítio Natan Vale, a primeira escola pública de agroecologia da cidade, localizada no bairro do Cordeiro. Durante quatro meses, o espaço sediou a capacitação voltada para pessoas em situação de vulnerabilidade, fruto de uma parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) da localidade. Entre sorrisos, mesa farta e muitos abraços, esta quinta-feira (7) foi marcada por oficina de turbantes, colheita e entrega simbólica de diplomas, celebrando o aprendizado e o fortalecimento de um novo olhar para a terra, para a vida e para si mesmos.

Durante a oficina de turbante promovida pela Secretaria da Mulher do Recife, Valdete Lima, 51 anos, aluna do curso e catadora de materiais recicláveis, compartilhou sua história. Após sofrer violência doméstica e racismo, ela procurou ajuda no CRAS e foi convidada a participar do curso Cultiva Recife. “Eu precisava sair de casa e aqui encontrei um ambiente acolhedor, onde me sinto útil e acolhida. Sofri muita violência e racismo por ser negra, por causa do meu cabelo, e ainda lido com isso. Minha mãe também sofreu com tudo isso, mas eu decidi que minha história seria diferente, e por isso estou aqui”, contou, emocionada.

O lavador de carros, Alexandre Alves, 56 anos, se encantou pelo cultivo das plantas e, frequentemente, preferia passar mais tempo no canteiro. “Eu não entendia nada de plantas e hoje sei tudo. Planto, cultivo, colho e como. Já teve dias em que almocei tudo o que veio da minha plantação, do que veio da natureza. Foi uma experiência transformadora para mim”, afirmou, animado. Já Helena Júlia, 79 anos, passou por um trauma com a perda do marido em um acidente de avião, o que a fez perder a voz por muitos anos. Durante o curso, foi recuperando sua confiança e a capacidade de se comunicar. Ao receber o diploma do curso, disse, esbanjando um sorriso: “Eu só tenho a agradecer, muito obrigada”, revelou.

O curso abordou temas como agroecologia, soberania alimentar, plantio, ervas medicinais, plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e gestão de resíduos. Nas aulas práticas, os participantes aprenderam desde técnicas de plantio e cultivo em canteiros e bandejas até o manejo do solo, tecnologias alternativas, compostagem, uso de materiais recicláveis e a produção de repelentes naturais, shampoo de quiabo e sabão com óleo reciclado. O espaço também conta com um projeto de aquaponia, que está em fase de cultivo e utiliza a água dos peixes para irrigar as plantas.

Agatha Raquel, de 19 anos, foi uma das participantes do curso. “Gostei muito da aula de suco verde porque descobri que posso fazer uma bebida saudável e deliciosa usando plantas que encontro na esquina da minha casa, na rua, ou que normalmente compraria no supermercado. Outra aula muito interessante foi a de sabão, reutilizando óleo usado, porque, além de nos ensinar algo novo, também deu a oportunidade não só a mim, mas a outras pessoas, de aprender a transformar isso em algo rentável”, disse, entusiasmada.

Segundo Caroline Correia, bióloga, técnica agrícola e coordenadora do Sítio Natan Valle – Escola de Agroecologia, ainda haverá uma segunda etapa do curso, com oficinas focadas no empreendedorismo até o mês de dezembro. “Hoje, encerramos um ciclo muito importante do Cultiva Recife, que é o ciclo de produção. Desde o início do curso, sempre pensamos em passos seguintes para fortalecer a autonomia dos participantes. Vamos realizar um intercâmbio com coletivos, associações e com o Sebrae, para que eles conheçam outras iniciativas da cidade e as oportunidades que existem. O objetivo é oferecer tudo o que eles precisam para se fortalecer e, quem sabe, se formalizar como um grupo de agroecologia em Recife. Queremos que eles compreendam como podem comercializar os produtos que estão produzindo”, completou.

Créditos: Divulgação/PCR

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