Ações de cuidado com saúde mental, representatividade feminina e suporte a famílias atípicas marcam os 200 anos da PMPE
A Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) celebrou, no último sábado (18), o Dia do Veterano, data que integra a programação da Semana de Valorização da PMPE. O momento homenageou os homens e mulheres que dedicam suas vidas à segurança da população e marca mais um momento de reconhecimento ao trabalho da instituição, que completou seu bicentenário no mês de setembro.
A valorização dos veteranos tem recebido atenção especial na atual gestão. Neste ano, a PMPE realizou homenagens, entrega de medalhas e eventos comemorativos ao longo de toda a programação, ampliando o diálogo com esse público que ajudou a construir a trajetória da Corporação. Uma pesquisa de satisfação já foi aplicada ao efetivo da ativa e será estendida aos veteranos, reforçando o compromisso com a escuta, o respeito e o aprimoramento contínuo das políticas de valorização.
Entre as medidas mais recentes, estão as ações voltadas à representatividade feminina, com avanços significativos nas normas internas. As novas instruções contemplam a ampliação das opções de penteados e esmaltação das unhas, permitindo o uso de coque, rabo de cavalo e tranças múltiplas em ambientes administrativos, além da liberação de uma paleta mais variada de cores para batons e esmaltes.
A capitã da reserva remunerada da Guarda Militar Estadual, Marnete Carvalho, de 64 anos, destaca o simbolismo da mudança: “Isso é muito importante pra gente, porque quando entrei, 40 anos atrás, eu e todas as minhas colegas tivemos que cortar o cabelo bem curtinho. As unhas também tinham que estar totalmente aparadas, caso contrário era infração da norma”, relembra. Segundo a coronel Cristiane Vieira, Diretora de Articulação Social e Direitos Humanos, essas flexibilizações representam mais do que ajustes estéticos. “Essas mudanças mexem com a autoestima e refletem diretamente na forma como nossos policiais se sentem. Quem vive a rotina dentro dos quartéis sabe o quanto isso faz diferença”, destacou a oficial.
A coronel Cristiane também coordena o Grupo de Trabalho (GT) Mulher, criado em 2024, que vem atuando junto a outros grupos temáticos: GT Veteranos, GT Pais Atípicos e GT Saúde Mental. Todos com a missão de acolher as demandas da tropa e propor políticas internas de valorização e acolhimento. “Cada grupo é liderado por coronéis e tem a intenção de manter um olhar constante sobre temas que impactam o dia a dia dos nossos profissionais. É uma forma de garantir que ninguém se sinta invisível dentro da Corporação”, afirmou.
Composto por policiais que são responsáveis por filhos neurodivergentes, o GT Pais Atípicos, por exemplo, vem promovendo avanços significativos no campo da inclusão e do bem-estar familiar. Entre as iniciativas estão a criação de um Procedimento Operacional Padrão (POP) para ocorrências envolvendo pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA); o credenciamento de um neuropediatra junto ao Hospital da PMPE; e a negociação de escalas quando as demandas familiares são mais intensas. “Além desses pontos, as movimentações funcionais têm levado em conta as necessidades dos filhos desses policiais, priorizando sua lotação em unidades próximas da residência familiar”, acrescentou o tenente-coronel Walmir Pereira dos Santos, integrante do GT.
Outro destaque é o programa “Tamo Junto”, iniciativa do Núcleo de Saúde Mental da PMPE, que completou um ano de atuação em 2025. O projeto, voltado à escuta ativa e ao suporte emocional entre pares, tem ampliado os espaços de acolhimento dentro das unidades. Policiais selecionados são capacitados para acolher colegas em sofrimento psíquico e atuar como ponto de apoio inicial. “É um trabalho que cria uma rede de cuidado mútua. O policial passa a saber a quem recorrer dentro da própria unidade, e isso tem transformado a forma como o efetivo lida com as pressões do serviço”, explicou a oficial Cristiane Vieira.