Blog do Didi Galvão
Você já ouviu falar do termo turismo de jogos de azar? Refere-se à simbiose dos setores de viagens e jogos de azar. O turismo de jogos de azar é composto por pessoas que visitam lugares especificamente para jogar, bem como pelas empresas que dão suporte a esses jogadores. Isso também pode se referir a jogadores que visitam locais diferentes de seu país de origem para jogar porque são impedidos de apostar em seu país de origem.
Isso não deve ser uma surpresa, já que até mesmo as casas de apostas online em USD, avaliadas em bookmaker-expert.com, restringem certos locais, regiões e países para apostas esportivas, jogos de cassino e muitos outros tipos de entretenimento com apostas.
‘Capitais’ das Apostas
No segmento do turismo de jogos de azar, existem as “capitais” mundiais do jogo, ou seja, cidades nas quais existe, em termos simples, um paraíso para aqueles cuja principal atividade nas viagens são as apostas.
Londres, Lisboa, Las Vegas, Moscou, Macau, Monte Carlo, Atlantic City – embora à primeira vista pareça que essas sete cidades não têm nada em comum, bons conhecedores e fãs de “jogos de azar” afirmam que essas são suas “Meca e Medina”. Essas cidades têm os cassinos mais famosos e bonitos do mundo, além das melhores casas de apostas do mundo.
O turismo de jogos de azar é mais desenvolvido em Las Vegas, nos Estados Unidos, e em Macau, que é uma região administrativa especial autônoma da China. E assim tem sido desde aproximadamente 2002, quando essas duas cidades competiram e trocam entre si a posição de liderança, até hoje.
Ambas as cidades sofreram muito com a pandemia do coronavírus e com as medidas implementadas para reduzir sua disseminação. Ambos se recuperaram, mas as apostas de uma delas diminuiu recentemente…
Las Vegas
Quando se fala em Las Vegas, tem-se a impressão de que tudo já foi dito e escrito sobre ela. O principal motor da economia de Las Vegas é uma combinação de turismo, jogos de azar e realização de diversas convenções e eventos dos quais restaurantes e varejo lucram. É também a sede de empresas que atuam na produção de máquinas eletrônicas de jogos de azar.
Para ilustrar: De acordo com dados do Nevada Gaming Control Board, o lucro líquido dos cassinos na área mais famosa da Las Vegas Strip foi de US$ 1,06 bilhão em setembro de 2019. A Strip foi particularmente afetada durante a pandemia, com uma queda de 38,72% na receita de apostas, a mais acentuada entre as regiões de Nevada.
O jogo de azar em Las Vegas teve uma recuperação significativa após a pandemia da COVID-19, embora tendências recentes indiquem uma desaceleração. Em 2024, Nevada atingiu um recorde de US$ 15,6 bilhões em receita de jogos, com os cassinos da Las Vegas Strip contribuindo com US$ 8,8 bilhões. Em 2025, Las Vegas enfrentou desafios. Na Strip, a receita de jogos diminuiu por quatro meses consecutivos, com maio de 2025 registrando um declínio de 4% em relação ao ano anterior, para US$ 713,7 milhões. Isso marca o menor total mensal desde maio de 2021.
A publicidade deu frutos
Além disso, a cidade foi muito “anunciada”, dada a quantidade de filmes produzidos sobre ela. “Cassino”, de Martin Scorsese, o drama romântico “Despedida em Las Vegas”, com Nicolas Cage, “21”, com Kevin Spacey, ou “Jogo de Amor em Vegas”, estrelado por Cameron Diaz e Ashton Kutcher, são apenas alguns dos muitos sucessos de bilheteria americanos que espalharam a fama deste lugar pelo mundo.
No entanto, de acordo com os últimos dados econômicos, verifica-se que tudo isso não é suficiente. Mesmo as máquinas de jogos de azar espalhadas por todo o aeroporto ou aquelas instaladas bem ao lado dos terminais de embarque, o oxigênio puro que é injetado nos cassinos com tecnologia especial para manter os jogadores acordados o máximo de tempo possível, com o brilho, o glamour, o luxo e as estrelas de Hollywood já padrões, não são suficientes para manter Las Vegas sempre no pedestal da capital do turismo de jogos de azar. De tempos em tempos, em número de visitas e ganhos, Macau ultrapassa a cidade. E agora também.
Macau
A história diz que Macau, na ausência de terras agrícolas, florestas ou quaisquer outros recursos naturais, voltou-se para as apostas e para a “indústria do jogo de azar” em geral. Já em 1962, as autoridades locais regulamentaram esse setor por lei e concederam as primeiras licenças de cassino para empresas locais. E o negócio começou.
O ponto de virada nos “círculos de jogo” de Macau aconteceu quando o governo local emitiu seis novas licenças para casinos/casas de apostas a investidores estrangeiros, o que praticamente abriu as portas aos gigantes da indústria do jogo de Las Vegas. Quase da noite para o dia, novos e atraentes complexos de cassinos e hotéis surgiram, incluindo Sands e Wynn.
Superando a Crise
De acordo com dados disponíveis antes da pandemia, Macau era visitado por cerca de 39,4 milhões de turistas por ano, e mais de US$ 45 bilhões eram gastos lá. As chegadas de visitantes despencaram para cerca de 5,9 milhões, um declínio de 85% em relação a 2019, no primeiro ano da pandemia. Em 2023, as chegadas de visitantes voltaram a atingir cerca de 28,2 milhões, recuperando 70% dos níveis de 2019. Até o final de 2024, o número de visitantes aumentou ainda mais para aproximadamente 34,9 milhões, superando os níveis de 2019 em 23,6%.
No passado, seus hóspedes mais frequentes eram pessoas ricas de Hong Kong, além dos próprios chineses. Hoje, porém, entusiastas de jogos de azar do mundo inteiro também vêm para a ex-colônia portuguesa. Macau teve a maior crise em 2015, quando o governo chinês iniciou uma campanha anticorrupção, então a renda do jogo caiu drasticamente – 34,3% – para US$ 28,9 bilhões, quase US$ 15 bilhões a menos que nos dois anos anteriores.
Macau continua sendo o líder mundial em receitas de jogos de azar. Em 2024, gerou aproximadamente MOP 226,8 bilhões (US$ 28,3 bilhões) em receita bruta de jogos (GGR), marcando um aumento de quase 24% em relação ao ano anterior. Esse desempenho superou as estimativas oficiais, mas ainda ficou aquém dos níveis pré-pandêmicos.
Comparação
Comparando Las Vegas e Macau, os dados mostram que a geografia e a vizinhança têm precedência sobre a promoção e a publicidade.
Ou seja, Macau voltou a estar sob os auspícios da China em 1999, como parte do acordo político “um país, dois sistemas”. E assim aconteceu que este se tornou o único lugar na China onde o jogo é legal.
Prevaleceu um monopólio num país com bilhões de habitantes.
