Nomofobia: conheça o transtorno que está associado ao uso de smartphones

Uso excessivo de dispositivos digitais pode levar a nomofobia

Por Danielle Santana / FolhaPE

Altamente integrados no cotidiano de grande parte da população, os dispositivos tecnológicos possibilitam uma série de facilidades no dia a dia. No entanto, o uso em excesso das ferramentas pode levar a um fenômeno recente que foi batizado de nomofobia.

A situação é caracterizada quando o uso excessivo de tecnologias é responsável por afetar as relações da vida pessoal, social ou profissional. Com diversas apresentações, a dependência pode aparecer como uma necessidade exacerbada e não justificada de utilizar smartphones.

Finalidade de uso

A transformação digital vivenciada nos últimos anos é um fator considerado importante para contribuir com a dependência. Utilizados anteriormente apenas em momentos específicos, os dispositivos como computadores ou celulares agora estão acessíveis a todo o momento e fazem parte do cotidiano de grande parte da população.

A variedade de ferramentas e plataformas acessíveis online permite que as soluções tecnológicas sejam utilizadas tanto para lazer quanto para trabalho. Essa falta de distinção entre a finalidade de uso contribui para uma maior dependência digital.

De acordo com o relatório “State of Mobile“, elaborado pela pela Data.AI, o Brasil é o quinto país com maior uso do smartphone no dia-a-dia. Segundo a pesquisa, os brasileiros passam, em média, 5 horas por dia utilizando o celular. Com o resultado, o país perde apenas para Indonésia, Tailândia, Argentina e Arábia Saudita, que ocupam os primeiros lugares do ranking.

Nomofobia

Considerada um distúrbio multifatorial, a nomofobia – batizada em referência ao termo em inglês no-mobile-fobia – surge quando uma pessoa apresenta o medo irracional de ficar sem o celular. Caracterizado por uma grande ansiedade, o comportamento afeta a rotina e leva ao enfrentamento de uma ansiedade digital.

De acordo com o mestre em psicologia e especialista em comportamento do consumidor, Roberto James, o transtorno, que é tanto físico quanto mental, é capaz de impactar significativamente a rotina de quem sofre com a questão.

Saiba como identificar a nomofobia

Estar atento aos sinais da dependência é essencial para lidar com a questão. Entre os sintomas existentes, os mais comuns enfrentados durante a nomofobia são:

  • Sensação de que o celular está tocando ou vibrando a todo o momento, mesmo sem notificações ou ligações;
  • Taquicardia ou sudorese quando acha que esqueceu ou perdeu o aparelho;
  • Angústia, mau humor ou irritação quando está sem sinal de internet;
  • Incapacidade de diminuir o tempo que fica conectado.

“Esse sentimento de medo, pânico ou ansiedade intensa por sentir falta do aparelho faz com que a pessoa se torne dependente fisicamente. A partir desse acúmulo de funções nos celulares, sua importância extravasou os limites do razoável que se utiliza no dia a dia”, afirma Roberto.

O especialista destaca que, quando uma das questões é observada, a recomendação é de que uma ajuda profissional para enfrentar o problema seja solicitada.

“O que se precisa discutir são os excessos, os limites ultrapassados e a sua dependência, que causa transtornos e modifica a qualidade de vida do indivíduo. Esse uso exagerado atrapalha o desenvolvimento dos mais jovens e causa problemas de relacionamento e desempenho nos adultos, restringindo suas vidas”, observou o mestre em psicologia.

Como enfrentar a nomofobia

Para algumas pessoas, o celular pode ser compreendido como uma extensão do corpo que impossibilita a separação. Por isso, pode ser necessária uma ajuda especializada para lidar com o problema.

Entre as opções de tratamento apresentadas estão ações de redução de danos e de autorregulação no uso dos dispositivos. Com o tratamento adequado, é possível recuperar a autonomia e reestabelecer uma relação saudável com o universo digital.

Já para os jovens, a recomendação é de que o tratamento também seja acompanhado de controle parental que pode ser essencial para o enfrentamento da questão.

“A função de um smartphone não é desenvolver dependência no indivíduo. É preciso lembrar os pontos positivos dessa tecnologia, como aproximar pessoas e obter informações em tempo real”, completou Roberto.

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