Hoje, passados 7 dias da partida de Mosana Cavalcanti, permanece em nós uma dor que vai virando saudade, uma lágrima que se converte em sorriso.
Ser de luz, força e coragem, essa morena cativante que conheci em Cabrobó, ainda na adolescência, vai ficar mesmo na nossa lembrança pela alegria de viver com autenticidade.
Feito ave cantante deste belo e seco sertão, ela tangia notas pra dentro da gente, como se os riachos corressem para um grande rio e todos os rios para um único mar; o inevitável oceano das incertezas humanas.
E, inspirada pelas águas do Velho Chico, Mosana seguiu levando acolhimento, visibilidade e dignidade às lutas que acreditava.
Uma mulher que botava fé em tudo que fazia. Nem mesmo a violência cruel de um assalto que lhe tirou os movimentos, deixando-a paraplégica, apagou o brilho do seu caminhar.
Sublimou a dor, fazendo da amizade e solidariedade, ferramentas para a transformação de causas, a exemplo da acessibilidade e inclusão social.
Mosana não vai ficar em nossa memória somente pela mansidão e lealdade de gestos despretensiosos e sorridentes.
Onde quer que nossos filhos estejam, certamente seu legado estará vivo como uma pulsante referência na luta em defesa dos direitos das pessoas com deficiência e à construção de cidades mais acessíveis em Pernambuco.
Definitivamente, herdamos de Mosana Cavalcanti, além da ternura nos gestos, a alegria e a beleza do mesmo sorriso, que Deus nos quer sorrindo.