Na manhã do terceiro dia da Praça dos Poetas – Espaço Manuca Almeida, no Festival Juá Literária – Um Rio de Letras, foi marcado pela força da palavra como ferramenta de consciência, identidade e preservação da memória. Em uma programação conduzida pelo protagonismo juvenil, pelas reflexões do projeto Encrespa e pela fala sensível da pedagoga Kalypsa Brito sobre literatura afro para crianças, a sexta-feira (24) reafirmou o poder da arte de reconstruir narrativas, fortalecer identidades e resgatar histórias do território.
Encrespa: quando a arte reconstrói identidade e rompe silenciamentos
O Colégio Democrático Estadual Professora Florentina Alves dos Santos (Codefas) apresentou ao público o Encrespa, um dos momentos mais intensos e simbólicos da programação. Do teatro à dança, da poesia à música, os estudantes transformaram o palco em território de afirmação, resistência e orgulho ancestral.
A apresentação trouxe o fortalecimento da identidade negra no sertão do São Francisco, discutindo racismo estrutural, apagamento histórico e a urgência da reconstrução de narrativas.
A professora Vanessa Chaves explicou o propósito do projeto. “O Encrespa nasce para cumprir o que determinam as leis 10.639/03 e 11.645/08, colocando a cultura afro-brasileira e indígena dentro da escola o ano inteiro. A partir do tambor, da música, da dança, do teatro e da pesquisa, nossos alunos constroem identidade e dão voz ao que a história tentou invisibilizar.”
O público respondeu com emoção, e ali ficou evidente que educação, quando atravessada pela arte, transforma.
Lançamento “Nos Trilhos da Memória” – o passado que continua vivo
Outro ponto alto do dia foram os lançamentos literários que reforçaram pertencimento e construção de identidade. Além do livro “Nos Trilhos da Memória – A Estação Antiga de Piranga”, que resgata fatos, lembranças e personagens da comunidade local, o público também conheceu a obra “Encrespa – Uma proposta de educação afrocentrada no sertão do São Francisco”, que nasce como desdobramento do projeto homônimo, valorizando o letramento racial e a construção de uma educação que reconhece ancestralidade, território e protagonismo juvenil.
Literatura afro para crianças: palavra que educa e cura
A pedagoga Kalypsa Brito também emocionou o público com uma conversa sobre literatura afro para crianças e adolescentes, a partir do livro “Pretinha de Eva”. Sua fala reforçou que o letramento racial é um caminho que forma, cura e reconta histórias com afeto.
“Assim como a poesia de Manuca rompe o tempo, a literatura afro também é atemporal. Ela cura, acolhe e educa.”
Arte que abraça, educa e transforma
O terceiro dia da Praça dos Poetas honrou o espírito de Manuca Almeida: arte com propósito, com identidade, com denúncia, mas também com acolhimento. O Encrespa e os lançamentos literários mostraram que a juventude quer, sabe e pode contar novas histórias sobre si, sobre sua gente e sobre seu lugar no mundo.
O Juá Literária, promovido pela Prefeitura de Juazeiro, segue com programação gratuita até sábado (25).
Blog do Didi Galvão

