Representantes de 24 municípios dos Sertões Central, Pajeú, Moxotó e Itaparica participaram, nesta sexta-feira (21), em Serra Talhada, de uma série de painéis e debates durante o Fórum Sertão Inteligente: Reinventando Cidades para Todos, realizado pelo Sebrae Pernambuco. O evento inédito na região contou com a presença de prefeitos, empresários, gestores e especialistas, que discutiram o conceito de cidades inteligentes, baseado na transformação dos municípios por meio de iniciativas inovadoras alinhadas às necessidades dos habitantes, visando a melhoria da qualidade de vida nesses locais.
A programação abordou temas como governança, planejamento urbano, tecnologia, desenvolvimento social e sustentabilidade, aspectos essenciais para o avanço econômico e social dos municípios sertanejos. Os participantes puderam conhecer exemplos de soluções inovadoras já em curso, adaptadas à realidade local. Em Serra Talhada, por exemplo, o uso de ferramentas tecnológicas tem contribuído para tornar os serviços públicos mais eficientes.
“Temos investido muito em tecnologia e inovação para melhorar a aplicação dos nossos recursos. Na saúde, o destaque é o prontuário eletrônico, que tem agilizado marcações de exames e atendimentos médicos. Na educação, adotamos medidas inovadoras que auxiliam a rotina dos professores e permitem que os pais acompanhem o desempenho dos filhos nas escolas. Também estamos implementando tecnologia nas áreas de meio ambiente e infraestrutura, e tenho certeza de que estamos apenas começando”, destacou a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado.
Apesar da importância da tecnologia, o conceito de cidades inteligentes vai além da digitalização dos serviços e abrange processos inovadores que impactam positivamente a vida da população. Um exemplo inspirador é Medellín, na Colômbia, que saiu do ranking das dez cidades mais perigosas do mundo para se tornar uma referência global em inovação, graças a um intenso processo de transformação tecnológica e social iniciado nos anos 1990.
O antropólogo Santiago Uribe, um dos responsáveis pela transformação de Medellín, foi um dos principais palestrantes do fórum. Defensor da ideia de que “inovação é olhar para os desafios urbanos e criar soluções inteligentes”, o especialista apresentou iniciativas bem-sucedidas implementadas na Colômbia e explicou como outras cidades podem desenvolver projetos eficazes sem perder de vista sua identidade e valores.
“Geralmente, as pessoas imaginam que uma cidade inteligente é aquela que implementa tecnologia. Mas cidades inteligentes são aquelas que planejam pensando nas pessoas, que identificam desafios sociais e encontram oportunidades, colocando seus habitantes no centro da discussão. As cidades são as pessoas. Não existe cidade inteligente sem cidadania inovadora. Esse debate não pode estar restrito aos grandes centros, mas também deve chegar ao interior, como Serra Talhada. Afinal, no futuro, todas as cidades serão inteligentes. A inovação exige criatividade, vontade e esforço coletivo”, destacou Uribe.
Durante sua palestra, Uribe também apresentou exemplos práticos adotados em Medellín, como a modernização do sistema de coleta de resíduos sólidos, a transformação das periferias por meio da criação de espaços de incentivo à cultura e ao empreendedorismo, a construção de praças, escolas e bibliotecas em todas as áreas da cidade, além de políticas voltadas para o acesso ao mercado de trabalho, sobretudo para os mais jovens. Ele também ressaltou os investimentos em infraestrutura, incluindo a implantação de teleféricos para conectar comunidades e um sistema de metrô que integra toda a cidade colombiana.
Para Murilo Guerra, superintendente do Sebrae/PE, a discussão sobre cidades inteligentes é urgente e precisa envolver diversos setores. “Iniciamos aqui uma provocação que precisa estar sempre na mesa de debate. Esse foi o primeiro de muitos outros fóruns. Queremos, por meio da troca de experiências e da inspiração em exemplos bem-sucedidos, como Medellín, estimular a construção de cidades mais inteligentes, inclusivas e com oportunidades para todos, evitando a fuga de talentos para os grandes centros”, ressaltou.