Cleriston Pereira da Cunha estava preso na Papuda, acusado de envolvimento nos ataques às sedes do Palácio do Planalto, do Supremo e do Congresso
Revista Veja
No dia 20 de novembro de 2023, por volta de 10 horas da manhã, o empresário Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como Clezão, 46 anos, morreu na penitenciária da Papuda, em Brasília. Ele estava preso desde 8 de janeiro de 2023, acusado de participar da invasão e depredação das sedes do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF).
A causa da morte foi um infarto. O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo sobre os atos golpistas, determinou que fosse feita uma investigação sobre as circunstâncias da morte. Segundo o laudo do IML, havia sangue na boca e no queixo do empresário.
A família do empresário reclama que nunca conseguiu ter acesso à investigação, que é sigilosa. “Descobrimos que há esse processo porque um dos ex-companheiros de cela dele foi notificado para depor na Polícia Federal. Peguei cópia da intimação e descobri que tinha essa petição”, ressaltou o advogado Ezequiel Silveira, que pediu ajuda à Ordem dos Advogados do Brasil para tentar conseguir acesso aos autos.
Edjane Duarte da Cunha, viúva do empresário, prestou depoimento e confirmou que o marido era portador de uma vasculite na aorta, uma cardiopatia grave, além de ser diabético e hipertenso.
“O que Alexandre de Moraes quer esconder da família?”, questiona advogado Ela, no entanto, ressaltou que o marido reclamava que os medicamentos que ele usava não estavam chegavam à cela. Além disso, de acordo com a viúva, todas as vezes em que ele passava mal, ao invés de receber o devido atendimento médico, era levado para uma área isolada da Papuda.
Em setembro de 2023, atendendo a um pedido da defesa do empresário, a Procuradoria-Geral da República se posicionou favoravelmente à libertação provisória do acusado, para que ele pudesse cuidar da saúde fora da prisão. Porém, segundo o advogado, Alexandre Moraes não se pronunciou.
“O que Alexandre de Moraes quer esconder da família?”, questiona o advogado.
Há dois inquéritos investigando a morte do empresário. O primeiro, que tramita no Supremo, é conduzido pela Polícia Federal e é sigiloso. E um segundo que é de responsabilidade da Polícia Civil do Distrito Federal.