O comandante do navio de carga Concórdia, que naufragou no domingo (15) a cerca de 15 quilômetros do litoral de Pernambuco, Edriano Gomes de Miranda, mandou mensagens para a esposa sobre os problemas da embarcação enquanto o navio inclinava. A mensagem foi enviada perto das 16h, segundo a esposa dele, Bruna da Silva, em entrevista à TV Globo.
“Ele falou que o barco estava afundando, teve contato com a empresa e estava voltando para o Recife, porque estava sem condições de viajar com a quantidade de carga; era muita carga e ficou o peso para um lado. ‘Por pouco não afundou’, ele falou, ainda antes de afundar’“, relembrou a esposa de Edriano.
O Concórdia levava materiais de construção e alimentos para o arquipélago de Fernando de Noronha. Segundo a defesa da AGS Fretes Marítimos, empresa dona do navio, a embarcação estava com 120 toneladas de carga, menor do que a capacidade máxima, de 180 toneladas.
Na manhã desta terça-feira (17), familiares dos outros cinco tripulantes foram até o Instituto de Medicina Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, na região central do Recife, na esperança de saber mais informações sobre os parentes desaparecidos. No entanto, não receberam autorização para realizarem a identificação dos quatro corpos que foram retirados do mar e estão no local.
Entre os que aguardavam informações estavam os familiares do comandante Edriano Miranda. Eles ainda não tiveram confirmação sobre o que aconteceu com o comandante e não sabem se ele é uma das quatro pessoas que morreram e aguardam identificação, ou se é o quinto tripulante, que permanecia desaparecido até a última atualização desta reportagem.
Bruna da Silva contou que Edriano sempre foi inteligente e era “louco pelo mar”. Segundo ela, com muitos anos de experiência, o comandante passou por outras situações complicadas durante as viagens, inclusive há um mês, quando o leme do mesmo barco quebrou.
“Os tripulantes estavam todos com medo e o último áudio que ele mandou para mim foi falando com uma pessoa no rádio, pedindo contato, não sei quem era. Daí, não tive mais retorno“, afirmou.
O filho de Edriano, Anderson Gomes, também esteve no IML. À TV Globo, ele comentou que dois problemas podem ter causado o naufrágio.
“Primeiro foi a falha mecânica que, possivelmente foi o leme, deixou o barco à deriva; e o segundo, foi esse deslocamento da carga do navio para um lado dele, fazendo com que ficasse tenso e viesse a virar“, disse Anderson.
O rapaz relatou a angústia da família, enquanto não consegue confirmação sobre o que aconteceu com o pai. “Existe a esperança de que meu pai não esteja entre os quatro [mortos], mas não tem nada oficial. A gente tem que ir lá olhar para saber e ter a certeza. A gente só tem as informações do pessoal que estava no resgate“, contou.
Fonte: G1