Cinema São Luiz abre celebrações do Abril Indígena neste fim de semana

A programação vai somar esforços levando para a telona o debate público e político sobre a história de luta e de resistência dos povos originários

Convidando o público a pensar o cinema de fora das caixas tradicionalmente eurocêntricas, a programação especial deste fim de semana do Cinema São Luiz abre as celebrações do Abril Indígena, com a exibição de filmes que exploram as questões dos povos originários. Durante todo o mês, os cinéfilos poderão se aprofundar na temática através de produções realizadas por cineastas indígenas ou em colaboração com eles, assim como por meio de obras dirigidas por não-indígenas que abordam eventos significativos para o debate estético e político.

“Se a gente pensa que os povos originários têm outras cosmologias, outras formas de viver e de ser no mundo, isso também se expressa nas imagens. Historicamente, as imagens tinham um olhar muito direcionado a partir da visão eurocêntrica colonial e nos últimos anos, nas últimas décadas, houve toda uma transformação, um deslocamento onde os povos indígenas, realizadores e realizadoras indígenas, começam a se apropriar da linguagem audiovisual para colocar suas subjetividades na tela. Tem um pensador um militante importante das causas indígenas, que é o Ailton Krenak, e ele fala dessa ideia de demarcação das telas, ou seja, uma forma de ocupar também esse espaço, que é o espaço do pensamento, é o espaço da imaginação política. E o Cinema São Luiz vai se somar nessa articulação que acontece nacionalmente, passando pelas perspectivas que estão colocadas nas imagens”, expressa o programador do Cinema São Luiz, Pedro Severien.

A iniciativa busca dar ênfase nos cinemas indígenas feitos no Brasil e promover o reconhecimento e a valorização da diversidade dos povos originários, proporcionando ao público a oportunidade de mergulhar em narrativas que refletem a luta, a resistência e as subjetividades de personagens e comunidades indígenas.

“A programação deste fim de semana começa com um filme muito marcante que se chama A Flecha e a Farda, de Miguel Antunes Ramos, que se volta para um acontecimento durante o período da ditadura militar, quando é criada uma guarda rural indígena, ou seja, pessoas indígenas são treinadas e formadas para agirem de forma militar e policial nos territórios. Então o filme vai usar um arquivo de imagens de uma apresentação desses corpos de pessoas indígenas sendo treinados militarmente para representantes da ditadura militar. Ao investigar essas imagens de arquivo que aconteceram e foram filmadas no ano de 1970, hoje, há poucos anos, o filme vai resgatar o relato, fatos desses personagens que estão na imagem. Então é um filme muito interessante para pensar o impacto da ditadura militar também nos territórios indígenas”, comenta Pedro Severien.

“O segundo filme é Rama Pankararu, que tem a coautoria de um ativista, de uma artista, a Bia Pankararu, e é muito linda a forma de expressão das subjetividades de uma personagem jovem, com todos os desafios de proteção e de construção do território indígena aqui em Pernambuco, e também com os seus desejos de mundo. Então são dois filmes muito importantes, muito belos, que começam nesta programação. E no domingo, às 11h, a sessão para criança, que é uma faixa tradicional do Cinema São Luiz, vai ser formada por curtas-metragens indígenas produzidos por um projeto muito importante chamado Vídeo nas Aldeias. É um projeto que vem trabalhando já há anos na formação de cineastas indígenas. Esse projeto é coordenado pelo Vincent Carelli, que é também um realizador e um indigenista que tem uma trajetória muito consistente na construção dessa visibilidade, do pensamento e da forma de ocupação da linguagem audiovisual pelas comunidades indígenas. Então é um fim de semana muito potente, muito envolvente e que vai ser uma experiência de abrir as telas para esse pensamento em construção”, complementa o programador.

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