Após tarifaço de Trump contra o Brasil, exportador de mel orgânico perde venda de 585 toneladas

O mercado de mel foi impactado diretamente com o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de implementar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto. Uma das maiores processadoras e exportadoras de mel orgânico do mundo sofreu com o cancelamento imediato de 585 toneladas do produto.

Segundo o Grupo Sama, do Piauí, a nova tarifa aumentará o custo da carga em cerca de US$ 6 milhões, causando impacto no valor final do produto vendido nos EUA.

Fundado há 28 anos em Oeiras, a 282 km de Teresina, o Grupo Sama é responsável pela compra da produção de mais de 12 mil micro e pequenos produtores de mel do Nordeste, principalmente do Piauí, Ceará, Maranhão e Bahia.

Após a compra, o mel é levado para passar pelo beneficiamento, processo realizado após a colheita, em indústrias do Piauí e de São Paulo. O produto é enviado aos EUA já embalado, pronto para consumo.

Parte das 585 toneladas estava no porto, pronta para envio. Outra quantidade estava em processo de beneficiamento, e o restante ainda estava sendo enviado por fornecedores.

Com o cancelamento da carga, o produto fica acumulado e gera custo de armazenamento, já que precisa ser guardado em câmaras refrigeradas, com temperatura controlada.

Neste sábado a Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) afirmou que outro cliente dos Estados Unidos cancelou uma compra de 95 toneladas de mel orgânico produzido no Sul do Piauí.

Custo do mel vai dobrar, diz exportador

Segundo Samuel Araujo, CEO do Grupo Sama, toda a cadeia foi atingida pelo cancelamento das exportações, e o impacto é enorme.

“Com a tarifa, o custo do nosso mel vai dobrar. O preço é impraticável e trava qualquer negociação”, define Araujo.

“Vivemos os piores anos de produção de mel das últimas três décadas, devido às condições climáticas, e agora esse tarifaço. É um impacto semelhante ao que vivemos na época da pandemia da Covid”, descreve.

Araujo diz que a empresa não cancelou as compras que já haviam feito com fornecedores, mas a cadeia produtiva ficará paralisada a partir de agora. “Os navios que chegariam aos EUA antes de 1° de agosto [quando a nova tarifa entra em vigor] estão todos cheios. Não tem o que ser feito”, afirma.

Busca por novos mercados

Os Estados Unidos consomem 80% do mel produzido no Brasil. Em 2024, o Piauí liderou o ranking brasileiro de exportação de mel para o país, embora não tenha sido o maior produtor.

“O Piauí é o 22º estado em exportações para os EUA. Mesmo assim, tem uma relação muito forte. Em torno de 85% da nossa exportação de mel vai para o mercado americano”, aponta o gestor corporativo da Área Internacional e Mercado da Federações das Indústrias do Piauí (Fiepi), Islano Marques.

Mas os produtores também buscam alternativas. Segundo Samuel Araujo, a Europa seria um mercado potencial para o mel brasileiro, mas as negociações com outros países também devem ser impactadas pela tarifa dos EUA.

“O mercado costuma ser oportunista nesses momentos. Nas novas negociações, com certeza não iremos conseguir um valor semelhante ao anterior. Ao saber do prejuízo de 50% que teríamos nos EUA, qualquer outro mercado vai querer negociar um desconto que seja inferior a essa porcentagem” , lamenta Araujo.

Para o gestor corporativo Islano Marques, o principal desafio em buscar outros mercados está no volume considerável que é importado pelos Estados Unidos.
“Não tem outro mercado alternativo que consuma esse volume. Nós teríamos que fazer um esforço muito grande de diversificação de mercado para pulverizar melhor essa oferta”, diz ele.

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