Aumento de incêndios em áreas de floresta mostra mudança de cenário na Amazônia. ‘Clima tem impactado essa tendência, deixando as florestas mais inflamáveis e suscetíveis aos incêndios’, diz Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM.
Por: Roberto Peixoto, g1
A área de floresta nativa queimada na Amazônia aumentou 132% em agosto de 2024 em relação ao mesmo mês de 2023, segundo relatório do Monitor do Fogo, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e da rede MapBiomas.
O aumento de incêndios em áreas de floresta mostra uma mudança de cenário na Amazônia, no qual o clima seco e o calor passaram a influenciar as áreas devastadas pelo fogo em uma floresta até então reconhecida por ser tipicamente úmida.
Os dados divulgados nesta quinta-feira (12) apontam que um terço da área afetada pelas chamas é composta por vegetação nativa, ou seja, áreas que não foram desmatadas e depois incendiadas para limpeza antes de plantio ou criação de gado, como é mais comum na ocupação irregular na região.
Isso mostra um aumento na área da “floresta de pé” atingida pelo fogo: em 2019, 12% da área atingida era de vegetação nativa, enquanto neste ano o percentual é de 34%. É o maior índice de fogo na floresta nos últimos cinco anos.
“Em agosto de 2024 tivemos um aumento expressivo da área afetada por incêndios. Normalmente são registradas queimadas em áreas agropecuárias com grande destaque para as áreas de pasto. Neste ano parece que o clima tem impactado a tendência, infelizmente, deixando as florestas mais inflamáveis e suscetíveis aos incêndios”, afirma Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
O aumento de 132% representa 685.829 hectares de florestas nativas destruídos pelo fogo neste mês, enquanto no ano anterior foram 295.777 hectares, e em 2019, 207.259 hectares.
O Monitor do Fogo faz um mapeamento mensal das áreas afetadas por queimadas no Brasil com base em imagens do satélite Sentinel 2, abrangendo o período a partir de 2019.