O ex-ministro Nelson Jobim comparou a atuação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes a da Operação Lava Jato. Disse que “os métodos” empregados pelo magistrado são “próximos” aos adotados pela investigação encabeçada pelo ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR). Jobim foi presidente do STF (2004 a 2006) e ministro da Defesa (2007 a 2011) e da Justiça (1995 a 1997).
Também comparou a retirada de sigilo do áudio da reunião de Alexandre Ramagem (PL-RJ), então chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2020, com o grampo à conversa entre a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o atual chefe do Executivo. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2016 por Moro. Disse que as situações são “objetivamente a mesma coisa”.
Ainda sobre o trabalho dos atuais ministros do STF, Nelson Jobim disse não considerar os atos extremistas do 8 de Janeiro como uma tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. É a interpretação da maioria da Corte sobre os casos julgados.
“Tenho uma visão distinta. Aquelas pessoas todas ficaram um tempo enorme na frente dos quartéis pretendendo que os militares interviessem. No final, eles não conseguiram. Enxergo aquela manifestação da rua, que é tratada como tentativa de golpe, como catarse decorrente da frustração de não obter a intervenção militar”, disse Jobim. As declarações foram dadas em entrevista à CNN no domingo (11.ago.2024).
O ex-ministro também disse que o Supremo tem tomado decisões que são “exclusivamente da área política” e que há um “intervencionismo maior” do STF. Citou o inquérito 4.781, conhecido como inquérito das fake news, como exemplo. “Não termina nunca e cada vez mais expandiu o objetivo”, disse Jobim. Moraes é o relator da peça.
“O problema do Supremo é que a política se tornou incapaz de resolver seus conflitos. Não tem mais condição de chegar a acordos necessários e o Supremo toma decisões que são exclusivamente da área política”, afirmou. Ele disse que ações desse teor eram rejeitadas quando estava no STF.
Fonte: Poder360