Embora o governo desejasse mantê-lo até janeiro de 2026 — quando se completaria a quarentena partidária —, Câmara deixará o BNB nos próximos dias para cumprir a legislação
Com o se aproximar das eleições de 2026 muita coisa ainda vai acontecer, principalmente a luta insaciável dos partidos por espaços no Governo Federal. Quem não lembra do embate entre aliados querendo a Superintendência da Sudene, não deu outra, o Pernambucano Danilo Cabral teve que deixar o cargo. Embora ninguém queira tratar do caso de Paulo Câmara como político, já tem gente de olho na presidência dessa importante instituição financeira para o Nordeste do Brasil.
O presidente Paulo Câmara deverá deixar o cargo nos próximos dias, conforme noticiado pela coluna Painel, da Folha de S. Paulo. Paulo Câmara, ex-vice-presidente do PSB até janeiro de 2023, assumiu o comando do BNB em março daquele ano, amparado por liminar do então ministro do STF Ricardo Lewandowski, que suspendeu a quarentena prevista na Lei das Estatais. A liminar foi derrubada em dezembro pelo plenário, mas a decisão permitiu que o mandato fosse exercido até o fim. Esse prazo se encerrou em 27 de agosto, mas, por norma estatutária, Câmara permaneceu interinamente no cargo.
Embora o governo desejasse mantê-lo até janeiro de 2026 — quando se completaria a quarentena partidária —, Câmara deixará o BNB nos próximos dias para cumprir a legislação. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, a saída foi uma decisão conjunta entre Câmara e a pasta: “Foi uma decisão do próprio Paulo em acordo com a Fazenda”, afirmou. A possibilidade de recondução será analisada no tempo apropriado.
O BNB é estratégico para a política de microcrédito do Governo Lula, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, promovendo o empreendedorismo entre beneficiários do Bolsa Família. Procurado, o banco não se manifestou. Câmara também não respondeu aos contatos.
A saída de Paulo Câmara estava ligada às questões da Lei dos Estatais, que restringe a permanência em cargos de direção para pessoas que tenham atuado em campanhas ou diretórios partidários recentemente. Para continuar no cargo, ele precisaria de decisão judicial devido a essas limitações legais.