‘Não estou pronto para me aposentar, só estava precisando mudar de ares e ter uma rotina nova’, disse Bonner, que vai para o Globo Repórter ao lado de Sandra Annenberg
No dia em que o Jornal Nacional, da TV Globo, completa 56 anos, ele mesmo virou notícia: vai ter nome novo na bancada a partir de 3 de novembro. William Bonner está de saída do cargo de apresentador e editor-chefe do telejornal, conforme anuncia no próprio JN na edição desta segunda. Ele segue para o o Globo Repórter em 2026, ao lado de Sandra Annenberg. César Tralli é o novo parceiro de Renata Vasconcellos, que permanece na apresentação de um principais programas da emissora. Cristiana Souza Cruz, atual editora adjunta, será a nova editora-chefe. Mudanças também no Jornal Hoje e no Hora Um: Roberto Kovalick substitui Tralli no vespertino e Tiago Scheuer entra no matinal.
—Não estou pronto para me aposentar, só estava precisando mudar de ares e ter uma rotina nova — disse Bonner, num almoço para a imprensa na sede da emissora, no Rio, ao lado de Tralli, do diretor de jornalismo da TV Globo, Ricardo Villela, do diretor executivo de jornalismo, Miguel Athayde, de Renata Vasconcellos, de Sandra Annenberg e de Cristiana Sousa Cruz.
Recordista
William Bonner entrou no JN em 1996, ao lado de Lillian Witte Fibe, substituindo Sérgio Chapelin e Cid Moreira. O jornalista é o apresentador com maior tempo no programa, mais até do que o próprio Cid. São 29 anos de um, contra 26 de outro. O paulistano radicado no Rio disse que a decisão de deixar os cargos de apresentador e editor-chefe foi puramente pessoal e começou a ser tomada em 2020, durante a pandemia da Covid-19. Os boatos sobre sua possível saída já corriam desde então.
— William nos procurou há cinco anos, manifestando um desejo de encontrar um outro caminho que desse a ele mais tempo para sua vida pessoal — disse Ricardo Villela. — Entendemos que era um movimento que exigia tempo para preparar um sucessor e entender o melhor lugar no jornalismo da Globo para o William.
O jornalista, que não descarta participar dos debates eleitorais no ano que vem, sabe que a saída do JN vai gerar especulações de todo tipo, mas faz questão de frisar que a família foi o fator determinante para tal decisão. Dois de seus três filhos, fruto do casamento com a jornalista Fátima Bernardes (de 1990 a 2016), moram na França, e ele quer ter mais tempo para eles.
—Hoje em dia, a verdade não é mais tão importante, o que importa é a versão — disse Bonner, ciente de que a saída pode ser interpretada de diferentes formas pelo público. — Depois que avisei que gostaria de mudar, a Globo e eu não concordamos de imediato com esse calendário. Eu tinha uma urgência, mas nós entramos num acordo, porque era evidente que uma movimentação dessa natureza deveria ser feita com calma.
Falante e animado, com um farto repertório de piadas durante o almoço, Bonner contou curiosidades do JN (nestes 56 anos, só dois titulares sentaram à esquerda da bancada, ele e Cid) e imitou colegas. Tralli saiu ileso.
—Não vou imitar você, mas sei te imitar — brincou.
Na Globo desde 1993, Tralli já foi repórter em São Paulo, correspondente internacional em Londres e âncora na Globo e GloboNews. Aliás, além do Jornal Hoje, ele deixa também a edição das 18h do canal fechado para se dedicar ao JN. O nome que o substitui vai ser anunciado posteriormente.
—O trabalho de repórter está dentro de mim, adoro apurar notícia — disse Tralli, que pretende continuar a fazer isso no cargo de editor executivo do jornal noturno, o mesmo que Renata Vasconcellos ocupa hoje.
Renata e Tralli, aliás, vão agora estender uma parceria que já começava a ser construída nos últimos meses. O apresentador do JH já vinha substituindo Bonner quando ele entrava de férias nos últimos anos.
—Fico feliz em receber o Tralli — disse Renata. — Nos momentos em que estivemos juntos, ele sempre se destacou pelo comprometimento e sensibilidade.