PF alega risco de fuga, cita precedente do juiz Nicolau dos Santos Neto e pede vigilância por 24 horas dentro da casa do ex-presidente
Em ofício enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) na noite desta terça-feira (26/8), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, alertou o ministro sobre o risco de fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro, e por isso sugeriu a vigilância por 24 horas no interior da residência do ex-presidente, mesmo após a decisão pelo monitoramento integral por policiais penais. Minutos após receber o documento da PF, Moraes determinou a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso.
De acordo com o diretor-geral da PF, o risco de fuga não está descartado porque a tornozeleira eletrônica depende de sinal de telefonia e são possíveis falhas ou “interferências deliberadas para retardo da detecção de violações”. “Nestes casos, as violações somente seriam informadas por relatório aos operadores do sistema após o retorno do sinal, o que permitiria tempo hábil para que o custodiado empreendesse uma fuga”, diz um trecho do ofício da PF enviado a Moraes.
Na avaliação da PF, o monitoramento eletrônico, mesmo com equipes de prontidão em tempo integral, não impediria eventual fuga de Bolsonaro. Para a vigilância ser, de fato efetiva, seria necessário o acompanhamento in loco e em tempo integral das atividades do ex-presidente e do fluxo de veículos na residência e de vizinhos próximos, o que seria difícil de operacionalizar, segundo a PF.
Por isso, na avaliação do diretor da PF, a solução é manter uma equipe permanente de policiais por 24h no interior da residência. O ofício traz o precedente do caso do juiz Nicolau dos Santos, condenado por desvio de recursos públicos e que esteve foragido por mais de 200 dias.
No documento, a PF afirma que “chegaram ao conhecimento público e institucional informações sobre risco concreto de fuga do acusado, notadamente a possibilidade de tentativa de evasão para o interior da Embaixada dos Estados Unidos da América – e posteriormente solicitar asilo político – situada a aproximadamente dez minutos de seu domicílio em Brasília”.
“A obtenção de informações sobre um plano de fuga, somada à proximidade geográfica e à conjuntura política e investigativa, indica a necessidade de reforço urgente e imediato do policiamento ostensivo e discreto nas imediações do endereço residencial do investigado”, completa.
A PF informou também que iniciou tratativas de apoio para execução do incremento da segurança com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), e, em caso de autorização do STF, haverá coordenação entre as polícias.
A ampliação na segurança feita a Bolsonaro foi determinada após o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) ter afirmado à Polícia Federal que havia risco de fuga do ex-presidente, que está em prisão domiciliar desde 4 de agosto e deve ser julgado na ação sobre a tentativa de golpe no dia 2 de setembro.