Após passar por audiência de custódia nesta sexta-feira (1), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) permanecerá presa durante o processo de extradição movido contra ela pela Justiça brasileira. A informação foi confirmada ao Globo pela Embaixada do Brasil na Itália.
Zambelli, que estava foragida no país europeu há dois meses, foi condenada por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que motivou o pedido de extradição apresentado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a audiência, realizada em um tribunal local, a Justiça italiana decidiu manter a prisão preventiva da parlamentar.
A defesa da deputada e o Partido Liberal acionaram autoridades italianas para tentar barrar a extradição. Após a audiência de custódia, o processo segue agora para a Corte de Apelação de Roma, onde a Justiça italiana e os advogados de Zambelli apresentarão seus argumentos. A decisão ainda pode ser contestada na Corte de Cassação, instância máxima do Judiciário italiano.
Mesmo com aval do Judiciário, a palavra final cabe ao Ministério da Justiça da Itália, que pode negar a extradição por motivos políticos. O atual governo italiano, liderado por Giorgia Meloni, tem afinidade ideológica com setores da base de apoio de Zambelli, o que pode pesar na análise final do caso. Em caso de autorização da extradição, a defesa ainda poderá recorrer à Justiça administrativa, em instâncias como o Tribunal Administrativo Regional e o Conselho de Estado.
Especialistas avaliam que o processo pode se estender por até dois anos, embora exista a possibilidade de Zambelli ser solta antes, especialmente se houver entraves de natureza política. Casos de extradição costumam envolver disputas prolongadas e forte influência de interesses governamentais — como ocorreu no Brasil durante o processo envolvendo Cesare Battisti.