Vale a pena ter uma MVNO? Entenda como empresas estão criando suas próprias operadoras móveis

Nos últimos anos, um movimento silencioso, mas impactante, vem ganhando força no mercado de telecomunicações: empresas de diversos setores estão lançando suas próprias operadoras móveis. Conhecidas como MVNOs, essas operadoras virtuais oferecem planos de telefonia celular utilizando a infraestrutura de grandes operadoras tradicionais. Mas afinal, vale a pena investir nesse modelo de negócio?

Neste artigo, vamos explicar o que é uma MVNO, como ela funciona, quais são os principais benefícios para empresas e clientes, e o que é necessário para lançar sua própria operadora. Se você tem curiosidade sobre o assunto ou pensa em diversificar suas fontes de receita, continue a leitura.

O que é uma MVNO?

MVNO é a sigla para Mobile Virtual Network Operator, que em português significa Operadora Móvel com Rede Virtual. Em vez de investir em antenas, torres e infraestrutura própria, uma MVNO utiliza a estrutura de uma operadora tradicional (como Claro, TIM, Vivo ou outras) para oferecer seus próprios planos e serviços móveis.

Ou seja, a empresa que se torna uma MVNO negocia o acesso à rede de telecomunicações com uma operadora hospedeira e, a partir daí, personaliza planos, atendimento, pacotes de dados e até benefícios exclusivos para um público específico.

Como funciona uma MVNO na prática?

O funcionamento de uma MVNO é relativamente simples, mas requer estratégia. O modelo de negócio permite que a empresa foque em diferenciais como atendimento ao cliente, marketing personalizado e integração com outros produtos e serviços, enquanto a operadora tradicional continua responsável pela infraestrutura técnica da rede.

Ao se tornar uma MVNO, a empresa passa a oferecer seus próprios chips, definir políticas de preços e criar uma experiência de uso personalizada para seus clientes. Todo o relacionamento com o consumidor é feito por ela, desde o onboarding até o suporte técnico.

Há também diferentes modelos de atuação, como:

• MVNO completa: assume quase todas as funções de uma operadora, exceto a infraestrutura de rede.
• Operadora de marca (branded reseller): usa a rede de uma operadora, mas sem controlar aspectos técnicos como emissão de chip ou gestão de dados.
• Agregadora (MVNE): atua como intermediária entre a operadora tradicional e várias MVNOs, fornecendo soluções tecnológicas e operacionais.

Por que empresas estão criando suas próprias MVNOs?

O crescimento das MVNOs está ligado à busca por personalização, fidelização e novas fontes de receita. Marcas que já possuem uma base consolidada de clientes podem oferecer um serviço de telefonia móvel como diferencial competitivo.

Imagine uma rede de supermercados que oferece um chip com dados móveis, promoções exclusivas e vantagens para quem faz compras com frequência. Ou um banco digital que inclui pacotes de internet gratuitos em seus cartões premium. Esse tipo de estratégia aumenta o tempo de relacionamento com o cliente e gera novas oportunidades de monetização.

Entre os principais benefícios de criar uma MVNO, estão:

1. Fortalecimento da marca

Ao lançar uma operadora com sua própria identidade visual e propósito, a empresa reforça sua presença no cotidiano dos consumidores, além de criar novos pontos de contato com a marca.

2. Fidelização de clientes

MVNOs podem oferecer vantagens exclusivas para quem já utiliza outros serviços da marca, como descontos, cashback, internet ilimitada para determinados apps ou acesso gratuito a plataformas parceiras.

3. Acesso a dados e comportamento de uso

As operadoras móveis virtuais têm acesso a dados de navegação, consumo e localização de seus usuários, o que pode ser usado (com consentimento) para melhorar campanhas, ofertas e ações de relacionamento.

4. Nova fonte de receita

Com um modelo de negócio bem estruturado, a MVNO pode gerar receita adicional sem os altos custos de uma operadora tradicional. O investimento é menor e o retorno pode ser escalável, especialmente se houver sinergia com outros serviços da empresa.

Quem pode se tornar uma MVNO?

Na teoria, qualquer empresa pode criar uma MVNO. Na prática, o modelo é mais indicado para marcas com grande base de clientes, forte presença digital ou potencial para oferecer pacotes de valor agregado.

Entre os setores que mais têm apostado nesse modelo estão:

• Bancos e fintechs
• Varejo e marketplaces
• Plataformas digitais de conteúdo e streaming
• Empresas de transporte e logística
• Cooperativas e associações

Além disso, há casos em que a MVNO é usada como uma solução interna, por exemplo, para gerenciar chips M2M (Machine to Machine) em projetos de Internet das Coisas (IoT) com mais controle e autonomia.

O que é preciso para lançar uma MVNO?

Criar uma MVNO envolve planejamento estratégico, parcerias técnicas e autorização da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Veja os principais passos:

1. Definir o modelo de atuação: MVNO completa, marca própria ou integradora.
2. Firmar contrato com uma operadora hospedeira: para acesso à rede móvel.
3. Estruturar os serviços: emissão de chip, planos, atendimento ao cliente, cobrança.
4. Obter licença da Anatel: essencial para operar legalmente no país.
5. Investir em marketing e vendas: divulgação da nova operadora para sua base de clientes.
6. Monitorar KPIs e melhorar a experiência: acompanhando dados de uso e satisfação.

Atualmente, há empresas especializadas que ajudam negócios a criarem suas MVNOs, oferecendo plataformas prontas para gestão de chips, planos, atendimento e relatórios.

Desafios e cuidados ao entrar no mercado de MVNOs

Apesar das oportunidades, o mercado de operadoras móveis virtuais também traz desafios. O principal deles é a competitividade com grandes operadoras, que oferecem pacotes com preços agressivos e forte presença de marca.

Além disso, é necessário garantir uma experiência de qualidade ao cliente, com suporte eficiente, entrega rápida de chips e estabilidade da conexão.

Outro ponto de atenção é a gestão da operação. Mesmo terceirizando parte dos serviços, a empresa ainda será responsável pela experiência do usuário, pelo cumprimento das normas da Anatel e pelo relacionamento com os clientes.

MVNO é uma boa estratégia para sua empresa?

A decisão de criar uma MVNO precisa considerar diversos fatores, como o perfil do público, os objetivos da marca, o orçamento disponível e a capacidade de operar um serviço de telecomunicações com qualidade.

Se bem executado, o modelo pode gerar diferenciação no mercado, ampliar o engajamento com os clientes e abrir novas frentes de receita. Empresas que já possuem uma comunidade engajada ou um ecossistema digital consolidado tendem a ter mais sucesso nesse tipo de iniciativa.

As MVNOs representam uma evolução no modo como as marcas se relacionam com seus clientes. Mais do que vender pacotes de internet, essas operadoras virtuais criam conexões mais fortes com o público, oferecendo conveniência, exclusividade e valor agregado.

Com o avanço da tecnologia e a demanda por soluções personalizadas, ter uma MVNO pode ser a chave para empresas que desejam inovar na comunicação e ampliar sua atuação no mercado. O segredo está em entender as necessidades do seu público, encontrar o parceiro ideal e oferecer uma experiência de qualidade.

Se a sua empresa busca novas formas de se destacar e gerar receita recorrente, criar uma MVNO pode sim valer a pena.