Blog do Didi Galvão
No ano de 1982 os eleitores de Pernambuco foram as urnas para eleger seu governador, na disputa estava o então senador Marcos Freire (PMDB) e Roberto Magalhães pelo PDS. Os eleitores teriam que votar no 1 que era de Roberto Magalhães ou no 5 que era de Marcos Freire, como as cédulas eram de papel poderiam também escrever o nome do candidato escolhido.
As coordenações de campanha de ambos os candidatos exploraram o jogo do bicho, a de Roberto Magalhães chamava a de Marcos Freire de cachorro por conta do número 5. Marcos Freire dizia que era melhor votar no cachorro por ser o melhor amigo do homem, do que no avestruz que covardemente enfia a cabeça no chão para não ver o que acontece ao seu redor.
Problemas existem por toda parte de uma cidade, seja de responsabilidade do poder público municipal, seja de responsabilidade do poder público estadual, ou de responsabilidade do governo federal. No entanto, quando a população aponta os problemas existentes, espera apenas a solução, uma vez que são eles os mais prejudicados por conta desses eventuais problemas.
Com o advento das redes sociais surpreendentemente apareceram os gestores avestruzes, o mundo está desabando lá fora e muitos deles estão com a cabeça mergulhada no celular. Isso também serve como uma fuga pra não perceberem o que acontece lá fora, enquanto a população passa sede e vive com o pé na lama morando a beira do esgoto a céu aberto.
Quando Marcos Freire disse há 43 anos que ainda tinha políticos iguais a avestruzes, ele estava naquela época antevendo o que vivenciamos em tempos atuais. A modernidade apenas trouxe mais comodidade para os gestores avestruzes, ao invés de enfiar a cabeça na areia basta enfiar no celular, e assim continua sem enxergar o que acontece ao seu redor, ou melhor, no seu município.
Marcos Freire não venceu a disputa contra Roberto Magalhães pelo Governo de Pernambuco em 1982; ele foi deputado federal, eleito prefeito de Olinda e renunciou antes de assumir e em 1974 foi eleito Senador da República. Freire foi presidente da CEF e Ministro da Reforma Agrária, quando morreu vítima de acidente aéreo no ano de 1987.
